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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Ataque cardio-esperançoso.



Na quadra de esportes do edifício vizinho, adolescentes jogam bola.
Escuto gargalhadas que invadem meus tímpanos sem a menor cerimonia.
O som do bater da bola no chão, na parede atrás da barra, na própria barra enfim, leva-me a uma outra dimensão que foi vivida há séculos.
Neste lusco-fusco do fim da tarde, ilumino novamente esta gaveta esquecida da memória, estou no colégio novamente!
Sim - isso mesmo! - tenho quinze anos e a farda de malha branca surrada pelo uso cola na minha pele ao fechar os meus olhos neste exato momento.

Sinto no meu rosto o soprar de um vento frio, daqueles que sopram quando acaba de chover. Na verdade o vento nem é frio, é fresco e tem cheiro de terra molhada. O mesmo vento tantas vezes sentido quando, sentada nos bancos de concreto da quadra do meu colégio, eu conversava animadamente com minhas amigas.
Adoro estas gargalhadas que escuto, acompanhadas por gritos e palavras de ordem que nem entendo!
O som do bater da bola no chão desfibrila o meu peito de uma parada cardio-esperançosa normal na meia idade.
Basta fechar meus olhos para ter novamente quinze anos e instantaneamente me sentir cheia de futuro...
Respiro fundo, que frescor! Ai que cheiro bom!
Tenho vontade de gritar para estes meninos que hoje gargalham nesta quadra: fotografem este exato momento em seus corações, e guardem . 
Será um bom remédio no futuro. 

Dizem que o tempo não volta, heim?
Acabei de tomar meu remédio chamado saudade.


Um comentário:

  1. Ô remédio poderoso! E dos bons!!!
    Delicioso texto!
    Iara Vilela - Recife-PE

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