Na quadra de esportes do edifício vizinho, adolescentes jogam bola.
Escuto gargalhadas que invadem meus tímpanos sem a menor cerimonia.
O som do bater da bola no chão, na parede atrás da barra, na
própria barra enfim, leva-me a uma outra dimensão que foi vivida há séculos.
Neste lusco-fusco do fim da tarde, ilumino novamente esta
gaveta esquecida da memória, estou no colégio novamente!
Sim - isso mesmo! - tenho quinze anos e a farda de malha
branca surrada pelo uso cola na minha pele ao fechar os meus olhos neste exato
momento.
Sinto no meu rosto o soprar de um vento frio, daqueles que
sopram quando acaba de chover. Na verdade o vento nem é frio, é fresco e tem
cheiro de terra molhada. O mesmo vento tantas vezes sentido quando, sentada nos bancos
de concreto da quadra do meu colégio, eu conversava animadamente com minhas
amigas.
Adoro estas gargalhadas que escuto, acompanhadas por gritos e palavras de ordem que nem entendo!
O som do bater da bola no chão desfibrila o meu peito de uma
parada cardio-esperançosa normal na meia idade.
Basta fechar meus olhos para ter novamente quinze anos e
instantaneamente me sentir cheia de futuro...
Respiro fundo, que frescor! Ai que cheiro bom!
Tenho vontade de gritar para estes meninos que hoje
gargalham nesta quadra: fotografem este exato momento em seus corações, e
guardem .
Será um bom remédio no futuro.
Dizem que o tempo não volta, heim?
Acabei de tomar meu remédio chamado saudade.
Ô remédio poderoso! E dos bons!!!
ResponderExcluirDelicioso texto!
Iara Vilela - Recife-PE