Crônicas do dia-a-dia e alguns pensamentos. A vida cotidiana tem muitas histórias que merecem ser contadas.
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domingo, 21 de agosto de 2011
PASSA O REDONDO!
Não é fácil se fazer entender.
E não falo nem de uma pré-disposição à boa linguística, com uma correta exposição dos sentimentos.
Falo do basicão mesmo.
Do dizer “quero” e se fazer entendida a vontade de querer.
Sou nordestina.
E cada dia eu tenho descoberto vícios de linguagens minhas e de outras regiões do Brasil.
Divirto-me com isso.
E nem quero entrar no mérito do certo-e-errado.
Na língua coloquial isso nem existe, apesar de observar certos erros crassos.
Mas quem passou 30 anos da vida falando que o rio tinha “imundado” (em vez de inundado), não pode ter um chilique diante da maioria dessas escorregadelas.
É verdade, estou acostumada ao achincalhamento do meu sotaque ao falar a sílaba do T+I. Tenho algumas observações a fazer sobre este assunto.
Como boa nordestina, recuso-me a pronunciar o T+I com um “tchi”. E a resposta rápida que uso nesta zombação é: se T+I pronuncia-se tchi, T+U é tchu.... e aquele bichinho da floresta é um TCHATCHU e a comida mineira seria TCHUTCHU de feijão.
E, acreditem!, esta explanação resolve realmente a questão.
Mas não quero falar do sotaque, e sim da dificuldade de entendimento propriamente dita.
Eu não sei se as novas gerações fazem de propósito com a finalidade de localizar as pessoas mais antigas, ou é moda ficar mudando os nomes das coisas.
O fato é que outro dia entrei numa loja para comprar uma anágua.
SEGUNDO AURÉLIO: Anágua - Substantivo feminino. 1. Saia, usada sob o vestido ou outra saia, em geral mais curta que estes; saia de baixo.
Foi aquela risadagem.
As mocinhas do atendimento não faziam a menor ideia do que se tratava, e eu fiquei tentando explicar o que era uma anágua, no que uma delas retrucou:
- Ela quer uma segunda-pele!
SEGUNDA-PELE?
Pois é, querido leitor com mais de 40 anos, anágua chama-se agora segunda pele!
O antigo colante, que era um tipo de maiô usado como blusa, virou BODY.
SEGUNDO AURÉLIO: colante. Adjetivo de dois gêneros. 3. Diz-se da roupa muito chegada ao corpo, muito apertada ou justa.
E tem mais...
O nosso antigo Bolo de Bacia virou CUPCAKE!
A calça cigarrete é agora SKINNY.
E se não bastasse estas diferenças, tem ainda os regionalismos.
Se você não for pernambucano vai estranhar alguém dizer que:
“atacou o botão”.
SEGUNDO AURÉLIO: Atacar. Verbo transitivo direto. 1. Prender com ataca ou atacador. 2. Meter os botões, ou os colchetes, nas casas, para fechar (veste, etc.).
“mangou de alguém”
SEGUNDO AURÉLIO: Mangar. Verbo transitivo indireto. 1. Caçoar, afetando seriedade. 2. V. zombar.
”ser pirangueiro”
SEGUNDO AURÉLIO: Pirangueiro. Adjetivo. 1. Reles, desprezível, ridículo 3. Indivíduo aproveitador da boa-fé alheia.
E por aí a coisa anda meio manca e com muita dificuldade de se fazer entender.
Isso deve justificar um acontecido com uma colega de trabalho que estava dando carona a um amigo quando foi assaltada.
O delinquente colocou o revólver na cabeça do rapaz e gritou:
- PASSA O REDONDO!
O cara então foi desabotoando a calça para dar... o “redondo”.
Levou uma coronhada no quengo.
-TÁ ME ESTRANHANDO, SEU FILHO DA PUTA? EU QUERO A PORRA DO RELÓGIO!!!!!
(...)
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Difícil dizer se o cara ficou aliviado porque redondo "mudou" de nome, ou se ficou aperreado porque ficou patente a facilidade com que ele entregaria o valioso pertence... Mas falando da anágua, ops, segunda pele, já entrei com um nativo de Caicó em uma loja de "surfwear" e ele pediu um cutango! Claro que nem eu nem a tchurma da loja entendeu de pronto o que ele queria. Era uma bermuda! As palavras são traiçoeiras.
ResponderExcluirAs coisas mudam de nome de tempos em tempos e de lugares e lugares. Feranando Ramos
Estas diferenças mostram a riqueza cultural do nosso Brasil. E o melhor disso tudo, é que mesmo "falando diferente" em cada canto do país, no final das contas nos entendemos muito bem.
ExcluirPois é, Nando... ele deve ser uma pessoa dada. kkkkkk. Sim, as coisas mudam de tempo em tempo, de modo e de lugar... a regra é mudar. Água parada apodrece!
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