Ela era uma jovem desligada.
Vivia no mundo da lua, com a cabeça nas nuvens, pensando
em sabe lá Deus o que.
Talvez pensasse em tudo, ou pensasse em nada.
Esquecia nomes, datas, livros, pacotes, celulares.
Às vezes não lembrava se tinha escovado os dentes pela
manhã.
Perdia-se observando o balançar de um galho de árvore, e
por um segundo nem sabia onde estava.
Ela bem que tentava se enquadrar na dita normalidade, mas
o torpor do devaneio era tão sedutor que se perdia dentro dele.
Os pensamentos vinham num turbilhão e a desligava de uma
conversa por mais animada que fosse.
Ficava encantada com as palavras e as tirava do contexto
para apreciá-las.
Indexação.
Tredo.
Caroço.
Adstringente.
Lipoma.
E um dia, no meio dos seus devaneios, sentiu uma mão
tocar-lhe o ombro.
Ao virar-se sorrindo esperando encontrar um rosto amigo
percebeu, desolada, que a mão que tocava seu ombro era, na verdade, sua saia
que o vento levantava.
Nenhum comentário:
Postar um comentário