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domingo, 11 de setembro de 2011

JAQUETU


Ouvi um dia desses uma senhora não tão idosa falar que tinha se transformado num “jaquetu”.
Ela contou, brincando, que depois que tinha se aposentado virou isso...
Perguntei o que era um jaquetu, pois nunca ouvi tal termo.
Ela riu e completou....
JAQUETU está aposentada, dá pra levar as crianças no balé?
JAQUETU está aposentada, dá pra pegar a roupa na costureira?
JAQUETU não está mais trabalhando, dá pra ir ao banco fazer este pagamento?
JAQUETU não faz nada, dá pra ficar com as crianças?

Eu ri disso.
Achei engraçado.
Mas depois pensei em quantas pessoas não transformamos em Jaquetus sem nem ao menos estarem aposentadas?
Responsabilidades são colocadas nos ombros de um monte de pessoas que passam por perto.
Não se espera um movimento de encontro, já é sapecado logo um pedido, uma obrigação, uma carga.

Nestes casos, no entanto, e muitas vezes, os fazedores de favor não percebem o ônus, pois os pedidos feitos são mascarados de legitimidade para ambos (vítima e algoz).
Escravos do SIM, os Jaquetus não percebem que tomam pra si aprendizagens que não são suas.
Vítimas da culpa, não conseguem seguir caminhos próprios e vivem em função de tarefas intermináveis.
É bem provável que estes Jaquetus se escondam da própria felicidade na sombra da vida dos outros.
Um perigo!
A felicidade, meu amigo leitor, dá medo e pra tê-la é preciso coragem.

Quantos filhos são feitos jaquetus pelos seus pais?
Quantos pais são feitos jaquetus pelos seus filhos?
Quantos amigos-jaquetus, maridos-jaquetus, esposas-jaquetus?
E nesta equação todos perdem.
O trem sai de sua rota em ambas as extremidades.
O Jaquetus poupam os seus amantes de seus fardos, e então os rouba a possibilidade de aprendizado.
Os pedintes sobrecarregam os seus amantes de tarefas e os rouba a alegria de trilhar caminhos próprios.
E a vida passa sem que se descubra o sentido de estar vivo, como o bater o cartão de ponto, dia após dia.

O dar e o receber são movimentos de amor.
E por ser amor está revestido de respeito e coragem.
Respeito para ser capaz de olhar a dignidade e a individualidade do outro, seus limites e suas vontades.
Coragem para perceber que temos que seguir nossos caminhos com responsabilidade por nossa própria felicidade.

Isso é simples!
Mas precisamos educar nossa consciência para o real sentido da liberdade.
A liberdade que não escraviza, pois sabe amar.
A liberdade que não oprime, pois sabe amar.
A liberdade que não odeia, pois sabe amar.
A liberdade que não se esconde, pois sabe ser verdadeiramente libertadora.

E sabe de uma coisa, Jaquetu é livre, por favor, escolha ser feliz!

2 comentários:

  1. Ótimo, Mikinha! Eu sou um pouco desse jaquetu, agora que me aposentei. Não adianta eu dizer que trabalho como aprendiz de escritor, pois no Brasil isso não é considerado como trabalho (pelo menos se a pessoa não for uma celebridade). rsrs. Quanto aos ensinamentos que essa situação permite, achei fantástica a sua abordagem equilibrada. Abraços. Paz e bem.

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  2. Cláudio, escrever é muito mais uma necessidade do que um trabalho, não é? E o bom é que Jaquetus tem tempo pra isso. kkkkk Bem, pelo menos quando escutam o coração e resolvem ser responsáveis pelo seu tempo disponível... Fico feliz que tenha gostado do texto. Paz e bem sempre!

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