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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Explodiram o Reino!



Uns meliantes resolveram assaltar um banco, no pacato Reino Encantado, em plena madrugada da sexta 13. Explodiram tudo.
Foi o burburinho.
A vizinha de cima acordou no sobressalto, com o barulho. Dizem que o vizinho do lado passou mal, pensou que era o fim do mundo.
Afinal de contas, as noites do Reino são muito tranquilas... só se ouve música brega de algum carro que pertença a algum bêbado errante.
Músicas para relaxar o espírito de quem dorme, tipo CHUPA QUE É DE UVA, EU QUERO DAR, VOU FICAR ATOLADINHA, MINHA MULHER NÃO DEIXA NÃO.... e por aí vai.
Os carros são equipados especialmente para estes eventos. Perde-se o espaço da mala, mas ganha-se potência... Oh! Quanta potência!
Freud poderia explicar que tipo de compensação é esta, tipo: "meu som é enorme, porque... é tão pequeno..."

Ouve-se também os cultos e exorcismos de capetas. E de vez em quando exorcismos de Pombas Giras.
Sim, porque no Reino o que tem de demônio não está no gibi, e pastor que se preze tem que dar conta do recado.
E para o chifrudo, só grito no microfone.... Por que só o grito não cura capetice. Tem que gritar, e gritar no microfone, para todos ouvirem e saberem sobre poder de Deus.
Sem isso, nada feito!
E é aquela voz grutal... abafada e profunda.
SAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI.
Não tem demônio que não saia correndo procurando outro abrigo depois destes gritos.

Algumas vezes ouve-se as vozes dos bêbados errantes, numa conversa sem pé nem cabeça, mas em último volume.
Palavrões, xingamentos, e muita besteirada.
Não dá nem pra aproveitar a fofoca, ninguém entende o que bêbado fala mesmo.
É um tal de ELE FOIIIIIIII...... AQUELE É....... &JG¨$%*()HG¨&¨*...... ME DEIXE....... VOU DIZER....
E não se diz nada, não se sabe quem foi, nem o que ele é.
Somente os palavrões se entende direitinho.
Não tem teor alcoólico que chamusque a sonoridade de um palavrão.

Nas madrugadas ouve-se também alguns latidos de cachorros acordados pelos bêbados errantes.
Um acorda reclamando...
au au au au au
E aí o da esquina acorda reclamando do bêbado errante e do outro cachorro.
au au au au au
E logo após todos os peludos começam a reclamar, e ninguém sabe mais quem começou.
au au au au au
E se o bêbado errante falar mais um tiquinho, o que sempre acontece, recomeça a latidaria.

Tem também os sons dos grilos, dos gatos, dos sapos, e de alguns outros seres.

Em época de Eleição tem os bate bocas e as brigas.
Ah! E os comícios!
Delícia!
Normalmente o palanque é armado numa rua cheia de casas de velhinhos, e as caixas de som são colocadas na frente da varanda de alguma singela habitação.
Começam aquelas promessas de vida melhor para todos, e os xingamentos ao candidato opositor.
Os xingamentos vão dos piores palavrões até o título de careca.
Tudo vale a pena quando a alma é pequena (complementando Pessoa).
O importante é falar mal e falar alto.

Lá para as quatro da manhã começa o som das galinhas.... morrendo.
Sim senhor!
Muitos quintais servem de matadouro das penosas.
Inicialmente é aquele cócócó desconfiado.... aquele climão....
Logo após, cóóóócofga irk cóóóóó arghcó... e lá se foi a primeira.
E aí a galinhada entra em total desespero.
A fofoca rola solta pra saber qual será a próxima vítima. É aquela angústia generalizada, numa cococagem desesperadora.

Quando tudo fica silencioso, amanheceu o dia, é hora de levantar.


A vida no Reino é tranquila, como vocês podem perceber!
Meliantes com explosivos são novidade.

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