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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Meus amigos não tinham sobrenome.


Ontem estava num aniversário e uma amiga minha, muito querida, me falou algo que não esqueci:
"Meus amigos de colégio não tinham sobrenomes".
Exatamente! Os meus também não.
Os dela eram Edu de Lalá, Olhão, Formiga, Flavinha.
Os meus eram Maria do Carmo, Mônica, Beca.
Não fui criada decorando sobrenomes.
Fui criada para ver se a pessoa era legal ou não.
Pouco importava de qual família ela descendia.
Fui criada pra ver o brilhos dos olhos, não a assinatura.
Éramos apenas crianças.... e todas eram perfeitas.
Nunca cheguei em casa para me ser perguntado de quem meus amigos eram filhos.
Isso importa?
Será?

Construímos rótulos tão falsos.
Conheço famílias com dinheiro, posição social, sobrenome famoso, e que são desonestas, maldosas, cruéis.
Conheço famílias Silva que são humanas, doces, carinhosas.
Conheço famílias sem escândalos conhecidos, mas com futilidades públicas.
Conheço famílias cheias de problemas, mas profundas, solidárias, misericordiosas.

Eu sei que o meio no qual vivemos interfere no que somos.
Eu sei que aprendemos o respeito aos outros através de nossos pais.
Mas não é só isso.
Não apenas isso!
Temos potenciais pra ser muito mais do que somos.
Podemos mudar tudo.
Podemos mudar de rumo, de história, de caminhos, de futuro.
E isso vai além de um sobrenome.
Isso está nos olhos, na alma, no coração.
Não somos condenados a caminhar sempre na estrada trilhada pela nossa família.
Como canta o Skank, "o caminho só existe quando você passa".
Exatamente!

Mas confesso ter inveja de quem tem amigo desde o começo dos estudos. Amigo de colégio.
Amigos que foram alfabetizados comigo.
Sinto vontade de reencontrar os amigos com quem brinquei de casinha, de pega, de esconde-esconde.
A menina que eu fiz comer bolo de areia.
A outra que raspou as sobrancelhas da minha boneca.
Os amigos que pintaram guache comigo, que brincaram de massinha, que dividiram o suco da lancheira.
Não os tenho.
Mudei de colégio e eles se perderam.
Conheci novos amigos, mas sinto falta desses.
Esses que não tem sobrenome.
E apesar de terem sido tão especiais, agora são apenas lembranças.
Não tenho como encontra-los.

Sabe de uma coisa? Este, eu acho, deveria ser o único objetivo de um sobrenome.

2 comentários:

  1. O sobrenome indica a família a qual vc pertence, o seu grupo, a sua origem... deveria ser usado para unir e reunir, não para segregar ou como título de posse. As famílias estão cada vez menores e vez por outra encontro alguém tentando montar sua árvore genealógica, buscando parentes, ainda que distantes... menos por interesse, mais pela busca de sua identidade, de uma família que o insira dentro deste mundo com tantos sobrenomes.

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  2. O sobrenome em vez de ser apenas um elemento de identidade a um grupo familiar ao qual a pessoa é alinhada, está mais para linhagem segregacionista. Mas isso não atrapalha, sem dúvida as boas amizades. Estas independem de títulos e posses. Abraços, Mikinha.

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